O dia de hoje, que poderia ser uma data comemorativa, tem uma razão de ser muito triste.

Era 8 de março de 1857, e no meio das manifestações pela redução da jornada de trabalho que 129 tecelãs da Fábrica de Tecidos Cotton, em Nova Iorque, cruzaram os braços e paralisaram os trabalhos pelo direito a uma jornada de 10 horas, na primeira greve norte-americana conduzida unicamente por mulheres. Violentamente reprimidas pela polícia, as operárias, acuadas, refugiaram-se nas dependências da fábrica. A decisão tomada pelos patrões e a polícia foi infeliz: trancaram as portas da fábrica e atearam fogo. Asfixiadas, dentro de um local em chamas, as tecelãs morreram carbonizadas.

Minha mãe sofreu violência em casa. Anos a fio, apanhando, calada. Eu era um bebê, não pude fazer nada. Mas sofro por saber disso, mesmo assim.

Muitas outras mulheres ainda sofrem: Os dados de violência contra a mulher nos dão uma média diária de 1828 agressões pelo país.

Diariamente, cerca de 10 mulheres morrem devido a violência doméstica. Dez Eloás, que parou a mídia nos últimos tempos, estão morrendo silenciosamente por aí, todos os dias. É um absurdo!

Homens ganhando salários maiores, para fazer o mesmo trabalho. Mães, que além do trabalho diário, têm que chegar em casa e ainda cuidar dos filhos e de todas as tarefas sozinhas, enquanto o marido assiste futebol.

Essa imagem é clichê, mas ainda diz muito de vocês, meninas.

Lembrando de que o meu maior exemplo de vida é minha mãe, de que tenho mais amigas do que amigos, de que a maioria dos meus negócios são feitos com mulheres, de que as minhas parceiras de trabalho e de vida são mulheres… só posso agradecer à vocês, meninas!

Obrigado por serem tão fortes. Há muito o que se conquistar ainda, mas muito já foi conquistado. Hoje vocês já ouvem muito mais a palavra “sim” do que as suas antecessoras, que só ouviam “não”.

Por isso, acho justo comemorar o dia de hoje. Para poder parabenizá-las! Pois, mesmo com todas as dificuldades e perigos que as rondam, vocês estão aí, lindas, maquiadas (ou não, se a manhã foi muito corrida) e prontas pra mais um dia. Que hoje seja um dia pra vocês comemorarem sim, e pra sociedade, principalmente os homens, lembrarem do que vocês precisam em todos os outros dias do ano: Respeito! Aposto que todas as mulheres trocariam a flor murcha de hoje pelo respeito e carinho, em todos os outros dias do ano.

Um brinde à vocês, suas lindas! Com mojito de morango, de preferência!

E um obrigado mais especial à Dona Maria, à Rita, à Debora e  à Renata por me aguentarem todos os dias!