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“Eu nunca vou comer tomate na minha vida!”*

Posted: 21 Jul 2011 12:35 PM PDT

Em período de férias escolares, as crianças têm bastante tempo ocioso em casa, e as tentações (ou até exigências) infantis aos excessos de guloseimas são lugar comum. Aqui em casa, não é diferente. A "briga" diária para uma alimentação saudável é uma batalha quase épica, embora ainda consiga vencê-la na maioria das vezes.

Aqui no blog, falamos muito sobre pratos que nos remetem aos sabores da infância.

Em minha infância, a cozinha era quente, sempre havia um forno ou fogão fumegante, de onde saíam delícias preparadas por minhas mães e tias. Minha infância foi nos anos 70, quando minha mãe não trabalhava e passava o dia todo nos afazeres domésticos. Tínhamos também muito tempo para passear na casa da minha avó, que era uma velhinha animada para cozinhar e contar histórias e sempre tirava algum prato feito na hora, fresquinho, do fogão.

Chuchu era colhido na cerca, os temperos vinham da horta, limões eram colhidos do limoeiro no quintal, na hora de temperar a salada.

Essas imagens, hoje quase românticas, deixaram há muito tempo de fazer parte de nossa vida urbana, apressada, moderna, cibernética. Lamento muito que minha filhota, de 5 aninhos de idade, nunca tenha visto um limoeiro de perto ou um pé de chuchu.

E como ajudá-la a produzir memórias saudáveis de alimentação na sua infância? Tenho incentivado bastante seu interesse com as "comidas que a mamãe faz", não apenas para experimentá-las, mas para participar na realização delas.

Vamos juntas para a cozinha, deixo que suba num banquinho próximo à pia e toque os alimentos na tábua de corte, perceba como um cubinho de manga fica gostoso ao ser cortado (e degustado) na hora, ou como fazemos "rodinhas de caminhão" ao fatiar tomates.

O título desse post* remete justamente a uma frase da personagem Lola, da série inglesa Charlie & Lola, em que diz que não quer mais comer tomate, arroz, peixe, ervilhas, e seu irmão, Charlie, explica que os alimentos são outras coisas – salgadinhos oceânicos (peixes), pedaços de nuvem (purê de batata), e assim por diante… e ela deixa de comer tomate para finalmente comer “esguicho de lua”… que ela mesma acaba “inventando” sobre eles.

É na beira da pia da cozinha que experimentamos variações de preparo, observamos as carnes cruas, cheiramos temperos, identificamos sabores. Descobrimos porque farinha de trigo é ruim se comermos "in natura" e fica ótima quando vai ao forno se transformando em bolo de chocolate.

É a forma que eu, também uma mãe apressada e cheia de tarefas numa rotina bastante exigente, encontrei em perpetuar uma paixão antiga na minha família. Mais do que uma paixão, tenho tentado estimular minha filha a testar seu paladar, desafiando-a a experimentar o que aparentemente diz não gostar, antes de dar uma opinião definitiva.

Por isso nesse período de férias escolares, o post de hoje não traz uma receita, mas uma reflexão:

o que temos feito para estimular a boa alimentação de nossos filhos?

Crianças adoram brincar com histórias e os alimentos são perfeitos personagens para isso! Invente histórias, incentive "amizades" entre os alimentos. Acreditem. Quando também entramos nessa brincadeira, as refeições ficam mais divertidas e as memórias para essa geração, embora menos românticas do que as que descrevi, também serão gostosas e afetivas.

Surpreenda-se com as criações que seus filhos podem sugerir na cozinha, como foram esses espetinhos de bolinhas de mozarela de búfala com tomatinhos "sweet grape" que minha filha adora "brincar de fazer".

Deixe tomates (do tipo "sweet grape") mergulhados em vinagre por 15 minutos. Escorra, tempere com azeite, ervas finas, orégano e misture bolinhas de mozarela de búfala.

Espete-os em palitos grossos (para evitar acidentes com crianças menores) e deixe que as crianças montem e "roubem" da mesa esses pequenos espetinhos, saudáveis e saborosos.

Do jeitinho que as lembranças de férias preguiçosas – e da infância – devem ser!

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