Se você me perguntar qual é a minha cozinha preferida, não vou dizer "japonesa", "italiana", "árabe". Embora eu goste muito dessas e outras tantas, minha resposta é a "cozinha afetiva". A minha cozinha preferida, de longe, é aquela em que está o meu afeto… como já foi um dia a comida japonesa que meu ex-marido preparava, como é o molho de tomate maravilhoso que minha mãe faz aos domingos, ou o quibe assado incrível que uma grande amiga prepara em ocasiões especiais.

Eu tenho um jeito muito peculiar de "marcar" essas receitas. As receitas que me tocam o coração vão para um caderno, daqueles escritos à mão, e ficam guardados num cantinho do meu armário da cozinha. Lá, estão as receitas mais importantes, que devem ser seguidas à risca (as receitas afetivas nunca são mudadas no decorrer do preparo) e estão sempre disponíveis para uma ocasião especial.

É hábito que adquiri da minha mãe, que tem um caderno que a acompanha há mais de 40 anos (sem exagero!)…

Essa semana, recuperei esse caderno, porque queria fazer o bolo preferido do meu pai. Minha mãe não só o encontrou, como também recuperou um caderno que eu mesma passei a limpo, com 12 ou 13 anos de idade, já copiando para mim as receitas dela. Um jeito de manter em família algo que para mim é um tesouro: nossa paixão pela cozinha.

Encontramos a receita, e na página do caderno antigo, uma surpresa… a letra do meu pai (que mal sabia escrever), na margem da folha – "Bolo da Maria". Ele gostava tanto do bolo que até colocou um subtítulo, que conhecendo bem o jeito turrão dele de expressar amor, devia significar "faça sempre para mim" ou "eu gosto desse aqui".

Tenho muito amor pelos cadernos de receita. Eles guardam as marcas do tempo, as impressões de dedos sujos de manteiga ou farinha, as receitas preferidas (são sempre as páginas mais puídas), as histórias da gente.

Hoje em dia, fico pensando como será o caderno de receitas de minha filha. O hábito de escrever à mão já foi deixado de lado – prova disso é nosso hábito de usar o computador para tudo, eu mesma não escrevo um recado à mão há muito tempo!

E para minha surpresa, a Sadia trouxe uma ideia que responde essa pergunta… e dá uma chance para não só criarmos eletronicamente esses cadernos queridos, mas compartilhá-los e dar outra dimensão ao hábito de dividir receitas.

O Meu Livro de Receitas nos dá a possibilidade de ter um livro de receitas digital personalizado, onde essas receitas podem ser registradas e "eternizadas", além de adicionar receitas de outros livros, acompanhar atualizações de livros favoritos e ainda interagir através de ferramentas tradicionais de redes sociais, como curtir e compartilhar publicações, incluir amigos e muito mais.

Talvez minha filhota não tenha o mesmo caderno que eu copiei aos 12 anos… mas terá o caderno de "hoje", adaptado ao nosso universo digital, preservando o gosto e o hábito de cozinhar e compartilhando com muitas pessoas (o caderninho puído não mais ficará restrito ao cantinho do meu armário da cozinha) essas histórias e receitas gostosas que fazem parte da nossa vida.

Quer criar o seu livro também? Eu já comecei a criar o meu (essa receitinha já está lá!) e vou, tantos anos depois, novamente passar a limpo as receitas de minha família, de forma eletrônica, e preservar essa memória, que jamais deve ser esquecida. É só clicar AQUI!

Afinal, ao reproduzir a receita que meu pai gostava tanto, seja encontrada num caderno antigo, seja descoberta ou compartilhada na rede, matei as  saudades dele e compartilho com vocês a cozinha afetiva de que eu falei lá no comecinho desse post, e da qual gosto tanto.

 Bolo de fubá cremoso

- 4 ovos
- 2 xícaras (chá) de açúcar
- 2 colheres (sopa) de manteiga
- 1 1/2 xícara de fubá mimoso
- 3 colheres (sopa) de farinha de trigo
- 4 xícaras de leite
- 1 colher (sopa) de fermento em pó

Bata as claras em neve e reserve. Bata as gemas com o açúcar e a manteiga até formar um creme bem claro e aerado. Acrescente o fubá, a farinha e o leite aos poucos, e continue a bater. A receita original indica "5 xícaras" de leite, mas diminui para 4 porque já testamos essa receita muitas vezes, e fica realmente melhor. (O caderno é que não foi corrigido ao longo desses anos). Ao final, acrescente as claras em neve delicadamente e o fermento em pó. Leve para assar em uma forma untada com manteiga e polvilhada com fubá.

Asse em forno a 180 graus, por aproximadamente 1 hora.

Entender o ponto do bolo é crucial para a receita dar certo: é preciso enfiar um palito e perceber (no tato mesmo) se o bolo está firme, embora o palito talvez saia um pouco úmido, em razão do creme que se formará no meio do bolo. Outra dica é verificar se a parte de cima do bolo também está firme, mais "sequinha".

O recheio se formará sozinho dentro do bolo, é um creme delicioso, docinho e perfeito para acompanhar um café da tarde.

Servidos de um pedacinho do "bolo da Maria"?