Na mesma manhã desse último domingo, recebi duas notícias tristes: a morte de uma pessoa querida e a separação de um casal de quem gostava muito…

Na hora me bateu uma tristeza grande, por me sentir completamente inútil para ajudar aquelas pessoas que sofriam perdas irreparáveis, as quais também já vivi e sei como são duras. Eu, sem ter o que dizer, num silêncio impotente.

Fui pra cozinha, vi o caderno de receitas sobre a bancada da pia. Abri na página de um velho conhecido bolo de chocolate, página manchada de tanta repetição.

Fiz o bolo, adaptando um pouco a receita original, adicionando um ovo a mais, meia xícara de açúcar mascavo (em vez de açúcar comum), uma colher de sopa de essência de baunilha e uma xícara de chips de chocolate que estavam perdidos no armário. Enquanto assava o bolo, derreti também uns restinhos de chocolate da Páscoa (150 g) esquecidos na geladeira e usei como cobertura, depois do bolo pronto.

Não pude entregar pessoalmente esse bolo para essas pessoas, mas fica aqui minha solidariedade e o desejo de que tenham, de alguma forma, um pouco de conforto nesse momento difícil de suas vidas.

Como escreveu Guimarães Rosa, “o que ela [a vida] quer da gente é coragem”.